Apenas na última semana, homens do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Caicó, conseguiram tirar de circulação mais de sete quilos de maconha e crack.
Até a última quinta-feira, a polícia contabilizava um recorde na apreensão de entorpecentes no município. O total de drogas apreendido, somente em janeiro e nos primeiros dias deste mês, já é superior ao montante apreendido nos últimos dois anos. O trabalho da PM revela que os traficantes utilizam a maior cidade do Seridó como um dos pontos de distribuição de maconha e crack para demais cidades da região.
A ação dos policiais aponta ainda que, nos últimos anos, Caicó passou a contabilizar outros crimes relacionados ao tráfico. Somente este ano, foram dois homicídios. Concomitantemente, a estrutura disponibilizada à Polícia Civil – responsável pela investigação e elucidação dos crimes – foi reduzida. O titular da Delegacia Geral do município, Igor Pessoa, lamenta a situação. “Queremos trabalhar, mas não tem como. Caicó é uma cidade de destaque no Estado, merecia mais atenção”, diz.
O delegado informa ainda que, apesar da existência de alguns agentes na DP, apenas três pessoas são responsáveis, de fato, pela investigação dos crimes. “Os demais ficam na delegacia para realizar o serviço burocrático. Em campo, trabalhando nas demais obrigações, sou apenas eu e mais dois”, explica.
Devido à inexistência de efetivo suficiente na Polícia Civil, os homens da PM assumem o papel de investigadores. O comandante do 6º BPM, major Walmary Costa, conta que, no comando, há o departamento denominado “2ª Seção”. É este o setor o responsável por realizar investigações. “A verdade é que a Civil não funciona. Não por falta de vontade do delegado e demais homens, mas é impossível trabalhar com a estrutura que eles contam. Por causa disso, a 2ª Seção realiza esse trabalho”, destaca major Costa.
Na tarde da última quarta-feira, o trabalho dos policiais militares resultou na prisão de uma traficante e na apreensão de quase três quilos de drogas. A jovem Poliana Cristina Alves da Silva Azevedo, 21 anos, foi presa por homens do Grupo Tático Operacional (GTO) daquela cidade. A jovem estava dentro de um taxi. O destino era a cidade de Parelhas, a 232 quilômetros da capital. Antes de embarcar no automóvel, Poliana adquiriu, de forma não revelada por ela e ao custo de R$ 10 mil, 2,5kg de maconha e 250gr de crack.
Através de uma denúncia anônima, os policiais do GTO tiveram conhecimento do caso e abordaram a traficante nas proximidades da localidade conhecida como Barra da Espingarda, na BR-427. Levada à delegacia e autuada em flagrante por tráfico de drogas, Poliana disse que iria vender os entorpecentes na cidade de origem. “A droga era minha. Comprei aqui em Caicó e ia levar para Parelhas para apurar dinheiro”, informou. Poliana disse ainda que não era viciada e nunca havia sido presa.
Um dia depois dessa abordagem, policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) e do 3º Distrito de Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE) prenderam o moto-taxista José Roni da Silva e uma adolescente de 16 anos com 5 quilos de maconha e uma quantidade não divulgada de crack. A prisão ocorreu no bairro Vila do Príncipe. A adolescente afirmou que a droga era dela, mas não disse onde havia comprado e para onde iria levar os produtos.
A PM tenta coibir o tráfico. Rondas são realizadas em bairros considerados críticos. Na noite da quarta-feira passada, o bairro visitado foi o João XXIII. Na noite da última terça-feira, o local foi cenário de um homicídio. Fábio Gomes de Oliveira, vulgarmente conhecido como “Mossoró”, 24 anos, foi morto com vários tiros. A causa da morte é desconhecida, mas familiares e a polícia confirmam que o rapaz tinha envolvimento com drogas e dívidas com o tráfico teriam motivado a execução.
Apenas dos números de apreensões de drogas e os casos de homicídios registrados, o major Costa declara que Caicó é uma cidade tranquila. Responsável pelo comando de 450 homens que atuam em nove cidades, o policial conta que, não fosse o crack, a cidade não contabilizado 17 mortes violentas ano passado. “Nossa região é a mais segura do Estado. Pode comparar com outras regiões. É possível que Caicó esteja na rota de drogas, mas mantemos a segurança”, diz.
Major Costa diz ainda que os homicídios estão relacionados ao tráfico. “Lembro que a primeira apreensão de crack, em Caicó, aconteceu no ano de 2000. Nessa época, a gente contabilizava apenas um homicídio por ano. De lá para cá, teve um ano que foram 37 mortes. A maioria relacionada com droga”, destaca.
Da Tribuna do Norte.