Ter policiais e fuzileiros no Rio Grande do Norte com o mesmo nível de conhecimento e disciplina tática da Força Nacional e da Tropa de Elite da Polícia Militar. Esse é o objetivo do curso de requalificação que está sendo ministrado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM/RN a policiais civis e militares, além de fuzileiros navais e guardas municipais. O coronel PM Francisco Araújo Silva, comandante geral da PM/RN, afirma que o curso foi motivado pelas recentes mortes de policiais em abordagens e será algo periódico no estado.
O tenente-coronel Marcos Vinícios, comandante do Bope/RN, explica que o curso, que iniciou-se ontem, terá várias disciplinas, como a de abordagens, atendimento à ocorrências com explosivos, gerenciamento de crise, uso progressivo da força, uso de armas não-letais, entre outros. "Todas com o padrão de conhecimentos e técnicas do que é utilizado na Força Nacional". O curso contabilizará 120 horas de aula, dadas em duas semanas de treinamento.
Ao todo, participam do curso 45 profissionais da área de segurança, como PMs lotados em unidades da capital e do interior do RN, agentes da Divisão Especializada de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) da Polícia Civil, fuzileiros navais e agentes da Guarda Municipal de Natal. Todo o curso será ministrado por membros da "Tropa de Elite" do RN, com alguns intrutores que também fizeram o treinamento da Força Nacional.
Segundo o comandante dos "caveiras", cada aluno, ao se formar, será um "agente multiplicador" dessas técnicas. "Ao retornar para as suas unidades, cada um irá transmitir os seus conhecimentos e manterá a atenção que aprendeu no curso. Eles repassarão isso através de treinamentos entre eles mesmos". Para o coronel Araújo, a importância do curso está em "requalificar nossos policiais e reacender neles a luz de alerta, do cuidado que eles devem ter ao realizar trabalhos de abordagem e demais operações".
O comandante da PM ressalta que a ideia desse curso surgiu para evitar que ocorram casos semelhantes àqueles recentes, em que policiais morreram durante abordagens. O curso também terá novas turmas, periodicamente. "Assim que acabar essa turma, abriremos mais um curso para os oficiais da PM e assim sucessivamente, até o final do ano".
As mortes de PMs em abordagens ocorreram entre o final do ano passado e o início deste. O primeiro caso ocorreu em frente ao shopping Midway Mall, no bairro de Lagoa Nova, em Natal, no dia 18 de dezembro. O soldado PM Márcio Nascimento da Costa foi morto enquanto tentava dominar o pedreiro Diego Nascimento dos Santos. O suspeito estaria supostamente causando confusão em um ônibus e também foi morto na ocasião, por outro policial, depois de ter tomado a arma do soldado e matá-lo. O outro fato aconteceu em Baía Formosa, a 98km da capital, no último 11 de janeiro. O soldado Anderson de Araújo Cantalice foi morto por dois suspeitos em uma abordagem em um bar da cidade. Em ambas as ocorrências, outros policiais foram feridos nas abordagens.
De Paulo de Sousa para o Diário de Natal.
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