A utilização de um dispositivo contraceptivo intra-uterino (DIU) pode proteger contra o risco de desenvolver câncer cervical, embora não proteja contra a infecção cervical pelo papilomavírus humano (HPV), de acordo com estudo realizado pelo Instituto Catalão de Oncologia, na Espanha, publicado pelo The Lancet Oncology.
Uma análise combinada de 26 estudos epidemiológicos mostrou que o uso de dispositivo intra-uterino (DIU) pode reduzir o risco de desenvolver câncer cervical em cerca de 50%, mas não protege contra a infecção pelo vírus HPV.
Foi realizada uma análise combinada de dados individuais a partir de dois grandes estudos da International Agency for Research on Cancer e do Institut Català d'Oncologia – Barcelona, na Espanha. Um estudo incluiu dados de dez estudos caso-controle de câncer cervical feito em oito países e os outros dados incluídos vieram de 16 estudos de prevalência de HPV em mulheres da população geral em 14 países. Um total de 2.205 mulheres com câncer de colo do útero e 2.214 mulheres no grupo controle que não tinham câncer cervical foram incluídas a partir dos estudos de caso-controle e 15.272 mulheres saudáveis a partir de pesquisa com o HPV. Informações sobre o uso do DIU foram obtidas por entrevista pessoal. O HPV foi testado pela técnica de PCR.
Após o ajuste para covariáveis relevantes, foi encontrada uma forte associação inversa entre o uso de DIU e o câncer cervical, em relação aos tipos mais comuns do tumor – redução de probabilidade de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas em 44% e adenocarcinoma ou carcinoma adenoescamoso em 54%. O DIU não afetou o risco de infecção pelo HIV. O período de tempo que as mulheres usavam o DIU não alterou significativamente o risco, uma vez que o risco foi reduzido quase pela metade no primeiro ano de utilização e o efeito protetor permaneceu significativamente o mesmo após 10 anos de uso do dispositivo.
Os dados sugerem que o uso de DIU pode agir como um cofator de proteção na carcinogênese cervical. Os cientistas, liderados pelo pesquisador Xavier Castellsague, acreditam que no processo de inserção ou remoção deste dispositivo as células pré-cancerosas possam ser destruídas ou que haja uma inflamação responsável por provocar aumento da imunidade celular. Estes podem ser alguns dos vários mecanismos que poderiam explicar os achados.
Do www.news.med.br com informações do The Lancet Oncology.