segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não vote no Cacareco!

Ao se acreditar que não há nenhum candidato merecedor do voto, o povo, por direito, protesta. Porém, o modo atual de protesto pode ser muito perigoso para a população brasileira. Para entendermos o perigo dos protestos atuais, vamos ao ano de 1958, onde tivemos, nas eleições para vereador de São Paulo, a primeira amostragem do voto de protesto. Como não havia urna eletrônica e sim cédulas de papel, o modo de anular o voto, naquele tempo, era marcar um xis em mais de um candidato ou escrever qualquer coisa na cédula. Aconteceu que 100 mil eleitores escreveram em suas cédulas o nome Rinoceronte Cacareco, fazendo deste, o nome mais votado.

O voto de protesto foi repetido outras vezes aqui no Brasil. Em 1988, por exemplo, um macaco chamado Tião ficou em 3º lugar nas eleições à prefeitura do Rio de Janeiro.
Com a informatização do voto, o eleitor ficou com as seguintes opções: 1) escolher um candidato, 2) votar branco ou 3) anular o voto, digitando um número que não corresponda a nenhum candidato. Assim torna-se impossível votar por protesto em um candidato tão estranho como o rinoceronte Cacareco ou tão esquisito quanto o macaco Tião, a não ser que esse candidato esteja concorrendo.

Assim, os eleitores brasileiros passaram a escolher o candidato mais estranho possível como forma de protesto e isto foi o que provavelmente ocorreu com Enéas, de acordo com os analistas políticos.

Em 2002, candidato a deputado federal por São Paulo, Enéas Carneiro conseguiu 1,5 milhões de votos. Com tantos votos assim, Enéas conseguiu eleger mais cinco deputados do seu partido, quatro dos quais não obtiveram mais de dois mil votos.

Entre as propostas do Prona, partido de Enéas, estavam romper com o Fundo Monetário Internacional e fabricar a bomba atômica. Acredita-se, porém, que os eleitores de Enéas não o elegeram por estas propostas nem pensaram nas consequências de seu voto.

Votar em um rinoceronte ou em um macaco não trariam consequências tão perigosas quanto votar em um candidato que pode “puxar” outros do seu partido, com propostas e ideais ignorados pelos eleitores.

O voto de protesto está por se repetir em São Paulo, com o candidato a deputado federal (palhaço) Tiririca, que, de acordo com o instituto Datafolha, conta com 3% das intenções de voto (o que daria 900 mil votos, ficando atrás apenas de Enéas, já citado nesta matéria).

Nesta eleição, o eleitor deve pensar sobre as consequências de seu voto e entender que o voto de protesto fornecido pelo atual sistema é o voto em branco, demonstrando que o eleitor não optou por nenhum dos candidatos.

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