O mundo não será um lugar mais seguro após a morte de Osama Bin Laden. A eliminação do líder da Al Qaeda “não traz paz ao mundo. Haverá retaliações”, prevê a historiadora Maria Aparecida de Aquino, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo).
Em sua opinião, a organização terrorista tem estrutura de rede e está “mais estruturada do que há dez anos”, quando ocorreu o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York (Estados Unidos) e ao Pentágono, sede do Departamento de Defesa norte-americano.
Segundo a historiadora, a Al Qaeda “recebe recursos do mundo inteiro, funciona como uma máquina. Não é pouco inteligente, não se pode menosprezar”. Para ela, a organização continuará atuando, com a mesma rotina a qual já está habituada. “Nós vamos nos acostumar com outros nomes de terroristas”, prevê.
“Achar que [a rede terrorista] acabou porque Osama morreu é uma coisa tola. Os homens do Pentágono não vão cair nessa”, destacou Maria Aparaecida. Para ela, o maior impacto da morte de Bin Laden se dará na política interna norte-americana já que o presidente Barack Obama, segundo estima, atingirá uma “popularidade incomensurável”.
Avaliação semelhante tem a professora do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Vânia Carvalho Pinto, cientista política especializada nos países do Oriente Médio.
Vânia pondera que a morte do terrorista tem apenas “importância simbólica” e que, com ela, Obama agora tem “um grande trunfo” junto a opinião pública americana. Ela, no entanto, não acredita que a eliminação do terrorista possa garantir a reeleição do presidente norte-americano no próximo ano. “A política vive do imprevisível”, disse.
Para o sociólogo Antônio Jorge Ramalho, também professor de Relações Internacionais da UnB, a morte de Bin Laden foi apenas uma batalha em uma “guerra vencida” pelos terroristas. O professor lembra que os norte-americanos já gastaram mais de US$ 1 trilhão com a perseguição ao terrorismo e deverão continuar gastando muito dinheiro, pois é uma ameaça fora de controle. “Não se sabe quando e nem onde poderá ocorrer outra ação do inimigo”, disse, ao apontar que os Estados Unidos e outros países do Ocidente irão redobrar cuidados contra atentados nos próximos meses.
Ramalho não crê que os americanos, agora, diminuam o efetivo de militares no Paquistão, onde Osama Bin Laden foi morto. “É um sistema político muito dinâmico. Não se sabe quem está no comando”. O sociólogo lembrou que o Paquistão tem armamento nuclear.
No mercado financeiro, a expectativa é de que não haja consequência, diferentemente do que ocorreu logo depois do atentado de 11 de setembro de 2001. “Lá atrás, houve uma ruptura, uma coisa nova que impactou a economia americana e criou incerteza”, rememora o economista Raphael Martello, analista internacional da empresa de consultoria Tendências.
Da Agência Brasil.