quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Células de gordura podem aumentar a propagação do câncer no ovário, publicado pela Nature Medicine

Pesquisa realizada na Universidade de Chicago, publicada na revista Nature Medicine, destaca que células de gordura presentes no omento (dobra do peritôneo que se estende do estômago ao intestino) fornecem nutrientes que aceleram a propagação e o crescimento do câncer de ovário.


O câncer de ovário é de difícil diagnóstico e, no momento em que a doença é diagnosticada, em cerca de 80% dos casos ela já se espalhou para o omento. Esta membrana é rica em lipídeos (células de gordura) e age como uma fonte de energia para a propagação do tumor, segundo Ernst Lengyel, coordenador do estudo. O crescimento do tumor no omento excede o crescimento do tumor ovariano original.

Os pesquisadores injetaram células tumorais no abdome de cobaias fêmeas saudáveis e descobriram que elas chegam ao omento em apenas 20 minutos. Isto se deve à presença de proteínas emitidas pelas células de gordura presentes nesta membrana peritoneal. A proteína conhecida como proteína de ligação de ácidos graxos (FABP4), um transportador de gordura, pode ser crucial para este processo. Quando foram injetados inibidores dessas proteínas, a doença diminuiu em pelo menos 50%.

Uma vez que as células cancerosas chegam ao omento, elas reprogramam o metabolismo com os lipídeos adquiridos das células de gordura e podem espalhar o câncer de ovário para todo o omento.

Os pesquisadores acreditam que este processo possa contribuir para o desenvolvimento de câncer em outros ambientes em que este tipo de células possa ser encontrado, como no caso do câncer de mama. Eles observaram que as células cancerígenas perto das células de gordura do omento produziram altos níveis de FABP4 e as distantes não faziam o mesmo.

Quando a FABP4 era inibida, a transferência de nutrientes a partir de células de gordura para as células do câncer foi reduzida drasticamente. A inibição da proteína também reduziu o crescimento do tumor e a habilidade do tumor gerar novos capilares sanguíneos, ou seja, houve inibição da angiogênese tumoral, processo fundamental para que haja progressão do tumor e formação de metástases.

Da Nature Medicine, publicação online de 30 de outubro de 2011, pelo site www.news.med.br.