quinta-feira, 14 de julho de 2011

Médicos substituem traqueia de paciente com câncer por órgão feito em laboratório

O Dr. Paolo Macchiarini e colaboradores substituíram a traqueia de um doente com câncer terminal por um órgão totalmente construído em laboratório, um marco para a medicina regenerativa. O paciente está livre do tumor e deve ter uma expectativa de vida normal.

O Dr. Paolo Macchiarini, cirurgião italiano, professor de cirurgia regenerativa da University of Barcelona, na Espanha, realizou o procedimento no Sweden's Karolinska University Hospital. O transplante de uma traqueia feita em laboratório com células do próprio paciente nunca tinha sido realizado com sucesso até o dia 9 de junho de 2011, quando este paciente foi transplantado.

Os pesquisadores ainda não publicaram os detalhes do procedimento em uma revista científica. O Dr. Macchiarini disse que a nova traqueia não depende de doadores humanos. É uma traqueia sintética. As células tronco do próprio paciente foram semeadas em um “suporte” dentro de um biorreator. O paciente é um homem de 36 anos, nascido na República da Eritreia, com diagnóstico de câncer na traqueia que não respondeu ao tratamento com cirurgia e radioterapia. O tumor havia alcançado seis centímetros de comprimento e estava bloqueando quase completamente a traqueia, o que dificultava a respiração.

Em uma primeira etapa, uma equipe liderada por Alexander Seifalian, da University College London, usou materiais de plástico e nanotecnologia para fazer uma versão artificial do “andaime” no laboratório. Enquanto isso, pesquisadores da Harvard Bioscience Inc. of Holliston, Massachusetts, fizeram um biorreator, um dispositivo do tamanho de uma caixa de sapato com um eixo giratório central. O “andaime” artificial foi colocado no biorreator, em seguida, as células-tronco extraídas da medula óssea do paciente foram semeadas sobre esta estrutura de suporte que ficou neste biorreator por dois dias.

Com o paciente na mesa de cirurgia, a equipe cirúrgica retirou o tumor, colocou a traqueia artificial no local adequado e foi adicionando produtos químicos nas células-tronco, persuadindo-as a se diferenciar em tecidos, tais como células que compõem a traqueia.

Cerca de 48 horas após o transplante, imagens mostraram células apropriadas no processo de “povoar” a traqueia artificial. Não houve rejeição pelo sistema imunológico do paciente, porque as células usadas como semente vieram do próprio paciente.

O Dr. Macchiarini pretende usar a mesma técnica em três outros pacientes, dois dos EUA e em uma criança de 9 meses de idade, da Coreia do Norte, que nasceu com malformação na traqueia.

Fonte: Wall Street Journal